ANTES QUE O CAFÉ Esfria
- Roseli Nita

- 5 de abr.
- 3 min de leitura
Entre uma e outra xicaca de café, vejo os dias passando por entre as linha finas da folha de papel em branco.

Era para ser um dia como outro qualquer, mas este foi diferente. O vento gelado que vinha das montanhas trazia algo a mais do que só uma brisa gelada, nessa tarde de inverno rigoroso. Esse ano o frio chegou mais cedo e para me aquecer além do casaco grosso aquele todo preto que comprei na última viagem que fiz até a cidade mais próxima, também coloquei uma chaleira de água no fogo para preparar mais um café. Estou ouvindo passos no corredor de madeira da minha casa velha que comprei há dois anos atrás em um leilão. Na época eu queria um lugar distante de tudo para refugiar a minha alma da dor e de tudo que me fazia sofrer. Apesar de estar sozinha não sinto medo, pois as dificuldades ao longo da vida me fizeram forte para suportar qualquer barulhos estranho findo do corredor que da acesso ao porão.
O apito da chaleira
No fogão a lenha o apito da chaleira avisa que a água está fervendo, com passos rápidos vou preparar mais um café. O vento que sopra forte bate a janela que estava aberta. Pego a xicara de café acabado de coar e vou para a janela, nesse momento ouço uma voz me chamar, com uma passada de olhos pelo corredor escuro não vejo nada nem ninguém mas sinto um calafrio estranho subir por todo o meu corpo. Fecho então a janela por acreditar que é o vento que vem das montanha que está deixando o ambiente sombrio e gelado. Tomando o café vou para sala de estar e sento na minha poltrona velha e pego o livro que está na mesinha ao lado e começo a ler. A leitura distrai a mente que não quer acreditar que há mais alguém dentro da casa além de mim.
Entre um capitulo e outro o café esfriou
A leitura desse livro faz o tempo passar mais de pressa, que nem percebo que o café já esfriou. Estava tão distraída com a leitura que quando dei conta já era noite e o café na xicara sobre a mesinha ao lado já estava frio outra vez. As noites no pé da montanha tem sido cada dia mais geladas, o que de fato acaba deixando o ambiente mais frio e com isso esfriando o café mais rápido. Uma forma de amenizar essa situação era acender a lareira, mas a lenha é pouca. Pois faz um tempo que não saio de casa para buscar lenhas e o pouco que ainda resta é para fazer o café.
Depois de tomar mais uma xicara de café, adormeço sobre a poltrona velha da sala de estar
Busco mais uma xicara de café bem quente e acomodo na poltrona velha na sala de estar vazia, está aconchegante aqui e a fumaça que sobe do café bem quente entra na mente que já se encontra sonolenta. Os pensamentos já não estão mas comigo tudo parece distante e aos poucos vejo tudo sumindo da mente, é como se estivesse caminhando em um túnel longo, escuro e úmido e tudo que ouço são pingos de chuva caindo do teto enquanto caminho de pressa. Acordo assustada com os primeiros raios de sol entrando pela fresta da janela é quando me dou conta já se passou mais uma noite e o café que estava pegando fogo de quente já esfriou outra vez.
Deixe um comentário se gostar do conteúdo - Por Roseli I São Paulo



Comentários